Adeus
Almoçar faz bem.
Faz muito bem!
Foi
no segundo dia de formação do Programa Gestão
da Aprendizagem Escolar
GESTAR II,
realizada entre os dias 15 e 19 de junho de 2009, na capital maranhense, em um
bairro que poderíamos chamar de Cafundós
do Judas (por tantas dificuldades de acesso), que depois de um farto e
delicioso almoço e uma ida e vinda muito cansativa e preguiçosa, aconteceu;
Uma
surpresa!
Uma
falta!
Um
volume a menos!
Um
portfólio tinha dado adeus?
Mas
por que meu Deus!?
Levaram,
só Deus sabe quem, meu portfólio com as atividades organizadas dos encontros
presenciais com cursistas das cidades do sul do maranhão, Imperatriz e João
Lisboa, que tive neste primeiro semestre. Dos males o menor. Não sumiram os
portfólios de exposição de meus e minhas cursistas, que tanto recomendaram:
‘Traga de volta!’, ‘Tome cuidado!’, ‘Não deixe sumir, rasgar, sujar.’
Outras(refiro-me a algumas professoras cursistas), com as capas de seus
portfólios decoradas, pintadas, desenhadas, acolchoadas, mas pareciam
travesseiros e não sei o que mais, não me deixaram levá-los para exposição de tanto
medo em perdê-los. E elas tinham razão. Fomos para o almoço e no retorno um
portfólio tinha desaparecido. Incrível a consciência e o modo de ação de tantas
pessoas. Profissionais que educam e lidam com crianças, jovens e adultos e
prestam ao papel de usurpar o que não lhes pertencem e especialmente coisas
simples de se ter e de se organizar.
Mas
há solução para este caso. Não! Não! Não
é contratar um detetive. É reorganizar as ideias, as pautas de encontros e
preparar outro portfólio. Afinal quem fez um, pode fazer dois, três, quantos
forem preciso. Enquanto isso repetia: Adeus! Portfólio! Adeus!
A
segunda etapa dessa formação revelou-se uma caixinha de surpresa. Tantos fatos
acontecidos; capotagem de carro com colegas professores - sem vítimas, assaltos
com bolsas rasgadas a outros professores a caminho do local da formação, perdas
de celulares, de óculos de grau, desconforto de ambiente, estresses causados
por questões de recepção, barulhos de motores, buzinas de automóveis, miséria
nos bolsos de uma boa parte dos participantes que para chegar naquela formação
não teve apoio dos governos municipal e estadual, e ainda ‘passamento’
provocado pelo calor intenso.
Terceiro
dia, de volta ao hotel, uma colega do grupo de matemática, sentiu que algumas
cifras tinham evaporado de suas reservas. Uma quantia relativamente pequena
tinha desaparecido. Mas era a quantia certa para o hotel. Choro, desespero, e
vontade de voltar imediatamente pra casa. Se não fosse trágico eu cantaria:
Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante... Não! Não!
Saudades não! Mas bastante despertar de sentimentos mais profundos.
À
noite, incentivo e motivação para a colega continuam e frase como “Jantar é
bom! Jantar é muito bom!”, é um convite para um passeio no Reviver.
De
posse das ruas do Reviver e das bancas expostas com comidas e outras delícias,
deixo claro que gosto de mariscos e de pratos típicos. Me farto de um delicioso
e caprichado prato de arroz com cuchá, camarão e caranguejo. Sempre que como
mariscos, sinto que eles não me fazem bem. Poxa! Gosto tanto deles e eles...
“Eles não gostam de mim, mas é porque eu sou...” pobre não, alérgico.
Resultado:
uma sequência da cansativa crise de espirros, garganta fechada, fossas nasais
entupidas olhos lacrimejando, vermelhos, inchados, rosto também inchado.
Sufoco! Sufocado! Sufocante! Nenhum pedido de socorro além de uma busca pequena
por uma farmácia. Mas somente bares e mais bares. Sentados, pedimos
refrigerante e a respiração cada vez mais difícil. Em meio a essa situação,
perguntava aos colegas: “Alergia mata?” E eles não pouparam resposta: “Mata.”
Nossa, como me ajudaram. A boca aberta ainda era insuficiente para a inspiração
e respiração. Fui lutando contra a experiência de literalmente “morrer pela
boca feito peixe” e sem alarde fui retomando a vida que por pouco a Ilha queria
me tirar.
Ufa!
Que susto! Depois de 30 a 40 minutos senti uma melhora considerável e resolvi
tomar refrigerante de forma muito acanhada e aliviada. Logo, aqui dou adeus aos
mariscos. Adeus mariscos!
Dia
seguinte, durante o encontro, o calor de matar invade o corpo e a alma da
professora formadora Elenita Rodrigues. Assopros, abanos, mão no rosto, na
testa enxugando o suor. Na sala quente um ventilador na parede fazia o papel de
esvoaçar as madeixas vermelhas da professora, mas não dominava o pavoroso calor
o que provou uma queda de pressão na brasiliense.
Maçã,
sal, elementos em busca da recuperação e do bem estar da doutora. Aqui ela não
mais dizia: “Gente! Olha, fiquei toda arrepiada." Aglomerações,
preocupações, solidariedade a favor da doutora. Embora muito descanso,
medicação e um bom ambiente climatizado poderiam deixá-la bem, assim como a
todos que garantiram sua presença nessa formação que encerrou com uma lista de
abaixo assinado às instâncias e ou
autoridades responsáveis pela recepção de mais de 700 profissionais da
educação de todo o estado do maranhão, que buscam caminhos e orientações para
melhorar o trabalho em sala de aula e encontram as piores acomodações. Quanto
descaso! Quanta valorização pelo professores formadores! Quanta ironia!
Adeus!
Palavra que agora não vale e não pode ser usada em seu sentido real. Ora, os
que ironizam, sempre existirão. Pena! Que pena!
Do livro: NOBRES PALAVRAS - PELOS CAMINHOS DA VIDA.
POETA E PROFESSOR: ED NOBRE
Editora ÉTICA, 2012.
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