Homenagem ao dia da Mulher 2015

sábado, 18 de janeiro de 2014

LIVRO: Em cada estrela uma história e fotos






















 





































































































































































 















 





Em cada estrela       uma história



Uma história de separação e de encontros entre pai e filhos




















Ed Nobre



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Uma história de separação e de encontros entre pai e filhos.


















Ética editora
Imperatriz-Ma
2014







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Copyright..... 2014
Todos os direitos reservados


Projeto gráfico
Ética editora

Coordenação editorial
Adalberto Franklin

Capa
Ed Nobre

Colaboração da ideia
Jhon Pablo P. da Silva

Revisão
Ariane Sales
Socorro Bezerra
Ed Nobre

.....
Impressão e acabamento
Ética editora




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Dedico este livro


Aos meus filhos

 Thaís Karen
   Jhon Pablo
e

Bruna e Brenda Nobre


À minha esposa Leda, pela dedicação em compreensão.








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Agradeço



A Deus, sempre e sempre.



E a todas as pessoas bem próximas, ou não,
que deram total apoio
para que eu caminhasse nesta nova estrada.






”Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo.
Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim.”
 Chico Xavier


“Tenho aprendido pelos caminhos da vida que o melhor,
realmente se faz com atitudes nobres e nobres palavras.”
Do livro: Nobres Palavras: pelos caminhos da vida / Ed Nobre. Página 84. Imperatriz, MA: Ética, 2012

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O autor
  

“Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.”
(...) Fernando Pessoa

O poeta, neste texto, expõe a cumplicidade, a convivência das pessoas sendo dissolvida, desfeita frente ao tempo. Frente ao destino esperado ou não, de cada pessoa. Especialmente daquelas de convivência mais próximas, seja por amizade e ou por parentesco.

Ele revela a sutil realidade da vida marcada pela saudade de tudo que as pessoas faziam juntas e na despedida de amigos e de pessoas que amamos, estas saudades são intensamente marcadas e muito mais proferidas.

Este livro pretende descrever a história de três vidas que desde sempre sentiram uma saudade não vivida e que não tiveram a oportunidade de cumplicidade e de convivência, para só então, preparar-se para a separação e sentir por todos os momentos vividos, como menciona Pessoa. Essas vidas viveram sem os sentimentos e as emoções pertinentes aos seus corações e depois de longos vinte e dois anos é chegado o momento do tão especial e esperado dia do encontro.

Caminhos são feitos para encontros e desencontros. Para vindas e partidas. Para permanência e sumiço. Mas a partida, a separação, o desencontro causam dores e dissabores. Promovem distâncias. Provocam mágoas. Eleva as pessoas ao sofrimento.

E para superar esse sofrimento só mesmo o novo caminho a ser construído e percorrido com novas expectativas e esperanças de vida e, diante desta nova realidade, novos desafios se compactuam com essas vidas que descobrem que nem mesmo o tempo de separação conseguiu distanciar suas afinidades, suas evidências em comum.




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Sumário

01. O tempo do pai
02. O tempo da filha
03. O tempo do filho
04. A persistência
05. O reencontro de pai e filha
06. A despedida
07.O encontro de pai e filho
08. A cumplicidade
09. A despedida de pai e filho
10. As emoções
11. Inspirações
12. As marcas que o tempo deixa
13. Um novo encontro
14. Tempo atual
15. Lamento de pai
16. Registros



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O tempo do pai 

Em 1991 – Um jovem pai com grandes expectativas, mas com sua juventude incerta, iguais a tantos que se tornam pais sem planejamento, sem nenhuma estrutura emocional, psicológica, social e econômica firmada. Seu coração não decide, mas é levado a seguir outro caminho. A dar outro rumo à sua vida. Desemprego, desespero e seu mundo desestruturado, que desaba feito enxurrada em pleno inverno.
E quem fica: uma criança de um ano e quatro meses. Uma menina que inocentemente abraça seu pai que se despede, que lhe dá adeus. Alguns metros depois o pai para, olha para trás, chora a vida, mas prossegue a sua errônea escolha.
Outra criança se apronta para vir ao mundo. Um filho de cinco meses no ventre de sua mãe não tem a chance de conhecer seu pai nos seus primeiros quase vinte e dois anos de vida e perde toda a graça de envolvimento, de relação cúmplice entre pai e filho. Pronta para viver intensamente, também foi inclusa na triste lista dos filhos criados sem a representação da figura do pai biológico.
Dessas duas vidas o pai carregou apenas uma foto da menina. E oito meses após o nascimento do menino ele ganhara também uma foto. Na foto da garotinha, ela expressa um olhar pequeno, uma luz direta e firme, insinuando: “Não me abandone, paizinho”, e o menino expõe em sua foto, sua nudez, comparada a um grito, como se dissesse: “Estou totalmente pronto para conhecer você e me entrego assim, em seus braços” e ainda muitas dúvidas refletidas em seu olhar indireto.
1993, ainda algumas e poucas notícias o pai teve dos filhos, quando os dois permaneceram  na casa dos avós paternos um curto tempo e enquanto estes viviam na mesma cidade, um apoio tímido era lhes dado e ainda neste mesmo ano o contato fora quebrado.
1994, uma busca fora realizada. O pai biológico retorna àquela cidade e procura seus filhos, mas apenas notícias de que haviam ido embora para outra localidade mais distante. E mais uma vez a distância invade suas vidas. E mais uma vez o pai perde a oportunidade de aproximação e de condução de vida dos seus filhos.
Um salto é dado ao tempo. Mas em toda a sua vida esse pai pensou em seus filhos. Lamentou. Chorou. Foram mencionados, lembrados em seus escritos e sua mente era carregada de interrogações: Como viviam? Seus primeiros passos como foram dados? Seus choros, seus lamentos se proferiam de que forma?  Do que mais gostavam e do que não gostavam? O que tinham e o que não tinham? Eram felizes? Brincaram, correram de que jeito? Caíram? E que cicatrizes traziam em seus corpos além da cicatriz da alma magoada pela ausência do carinho paterno?
O pai que lamentou sua ausência aos filhos, teve graça pela leitura e pela escrita e também se questionava: Quais os sonhos que sonhavam? O que desejavam ser quando crescessem? Qual o contato dessas crianças com o mundo das letras? Como se alfabetizaram? Seus primeiros cadernos, suas primeiras letras, seus riscos e rabiscos surgiram como? O pai que nada lhes ensinou. O pai que nenhuma história lhes contou e leu. O pai que não cantou cantigas de ninar. O pai que não lhes viu crescer em corpo, mas lhes sentiu em   alma e emoção, desejava remover o tempo e apagar parte de sua vida só para entender as façanhas do próprio destino.
Para as pessoas que lhe perguntavam sobre esses filhos, ele sempre respondia: “Estão bem. Estão sendo bem cuidados. Só não sei onde estão.” Mas ele nunca imaginara que seus filhos viviam separados um do outro e que não viveram próximos em todo esse tempo. Mas também não sofreu tanto essa ausência, comparado aos sentimentos e dores de seus filhos por falta do pai.
O tempo traz uma aproximação incerta e breve em 2009. Poucos telefonemas. Poucas falas entre pai e filhos. E o contato mais uma vez se rompe, exatamente na fase crucial da vida de dois adolescentes que ansiavam e desejavam estar ao lado da figura paterna, mesmo que, simplesmente em datas especiais como seus aniversários: tantos dias das crianças passados em branco, muitos dias dos pais sem nenhuma fala dos dois e quantas festas natalinas sem ceias, sem presentes e sem o colo e o abraço de aconchego!



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                                                    O tempo da filha

Uma menina que não viveu uma vida tranquila, que chorou muito sua infância pela ausência do pai, que viveu mais dificuldade que o irmão, mas que desde que soubera da existência de seu pai biológico, não mais sossegou, correu em busca do sonho de encontrá-lo e passou a amá-lo em distância e a  chamá-lo carinhosamente de pai.
Ela vivia temporadas entre a casa de um ou outro parente e com isso também não teve seu irmão ao seu lado e por esta separação, sentia mais ainda a ausência do pai e a cada novo dia que surgia essa menina desejava intensamente descobrir por quais caminhos prosseguir para encontrar seu pai.
Aos 15 anos de idade desejou muito mais do que ter a própria festa de debutante, desejou seu pai como presente e que o mesmo dançasse com ela a famosa valsa da idade.
Aos 18 anos também desejou seu pai como presente e ruma outra vez em busca de notícias. Ela o encontra, mas logo os dois se perdem de novo.
Ela não desiste. E outra vez, aos 23 anos parte para o mundo virtual e o seu sonho torna-se real. A menina que não pode abraçar e beijar seu pai, que não ouviu nenhuma história para dormir, que não ganhou presentes em seus dias especiais, encontra seu pai biológico. Uma mensagem direta da filha é enviada ao endereço virtual do pai que retribui e em poucos dias os dois se encontram virtualmente e as conversas se ganham no novo tempo, quebrando os muros e aproximando as distâncias que impediam o tão esperado encontro.
Que histórias escondidas se faziam ou que novas histórias se fizeram na vida de cada uma dessas pessoas que o tempo não permitia sua aproximação?
A garota que nunca teve o pai ao seu lado revela que seu amor por ele sempre foi imenso e o pai tinha em si que ela o odiaria. “Como posso odiar você que é meu pai? Neste mundo todos nós passamos por problemas e sei que se pudesse voltar ao passado seria diferente”. E o pai se interroga: Como pode uma filha amar intensamente um pai que não conhece?
A menina tem a mesma profissão do pai e dele nenhuma influência direta  teve para esta escolha e tem ainda muitas habilidades em comum aplicadas à sua prática. A garota esperançosa confessa ao pai que sempre quis que ele fosse além de pai, também seu amigo.

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O tempo do filho

O menino cresceu mais fechado, inseguro, orgulhoso, diante das expectativas que a vida lhe oferecia, mas como toda criança que perde seu contato  com o pai biológico, desejava saber como era este pai.
Em resumo, o filho descreve assim a sua história:
“Em 1992 uma mãe dá à luz e em um ato de desespero, sem condições de criar seu filho, ela o deu ao seu irmão, pedindo-lhe que o adotasse. Seu irmão com amor e carinho adotou esse menino, deu-lhe seu sobrenome e passou a assumir o papel de pai sem nunca negar a origem do filho, sem nunca esconder que ele tinha outro pai.
Mas esse menino sempre teve uma sombra de seu pai biológico. Como filho único de seu pai (tio) adotivo em momentos tristes da vida ficava pensando no outro pai e queria saber ‘como que esse cara é’.
Com o passar do tempo o menino já não pensava em seu pai biológico, já tinha perdido as esperanças de encontrá-lo, mas sua única irmã de pai e mãe não desistia jamais de procurá-lo. Sendo que a vida dela era muito mais difícil, morava na casa de um parente e de outro.
O menino cresceu de forma adulta, tornou-se pai muito cedo como qualquer outro homem normal e quando sua filha nasceu ele teve duas escolhas: a de assumir ou de sumir. Foi então que ele optou pela escolha mais difícil, a de assumir a filha. Falando a si mesmo que não ia cometer o mesmo erro de seu pai, que o abandonara antes mesmo de seu nascimento, portanto, ele não ia sumir da vida de sua filha.
Com toda felicidade e tristeza da vida, sua filha hoje tem cinco anos e confessa que ela é linda.
Só que esse menino não esperava mais que seu pai biológico o encontrasse com a ajuda de sua irmã.
Mas nesse novo ano maravilhoso de 2014, o menino com quase 22 anos conheceu seu pai biológico.
No primeiro encontro pai e filho estavam temidos. Deram o seu primeiro abraço. Um abraço comum, sem choro e sem aperto. Só que eles não sabiam o quanto eram parecidos nos afazeres, o quanto tinham em comum.
O pai passou quatro dias em sua casa, sendo esses dias os mais felizes da vida daquele menino”.
E assim, o menino que se aproximara timidamente do pai em sua chegada, começou a expor seus braços abertos para abraçar e ser abraçado e receber com totalidade a força de um amor fraternal que se escancarou nos primeiros dias de suas vidas, juntos.
O menino aos poucos foi dando ao pai a oportunidade de ser amado por este, esvaziava-se de seu orgulho e dava espaço à celebração da felicidade por ter conhecido o pai.
Foi se aproximando cada vez mais, expondo suas intimidades, suas graças, seus afazeres e deveres de homem responsável e também de pai. Foi Compartilhando aos poucos sua vida, suas vitórias, seus gostos e desgostos, seus projetos para o futuro.
O garoto com mais de 21 anos, deixa transparecer a enorme alegria de ter seus primeiros momentos com o pai. Por momentos, tudo parecia sonho, mas a vida naqueles dias tornou-se mais real ainda  e não era sonho nem para o pai  e nem para o filho. Quando iam dormir se cumprimentavam. Quando  acordavam se cumprimentavam. Dois corações, de início temidos, que se tornaram tão próximos e felizes em poucos dias de convivência.




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A persistência

A filha foi constante, tenaz, firme e segura em sempre procurar seu pai. Desde pequena soube que tinha outro pai e desde então o chamou de ‘pai’, ‘paizinho’. Ela sempre repetia que seu pai estava viajando e que ele algum dia iria voltar para dar e receber outros abraços que recompensassem aquele ‘abraço de adeus’ dado no passado.
O filho sempre quis saber como era seu pai, mas desistiu, pois já tinha perdido as esperanças de algum dia encontrá-lo.
As redes sociais, abriram novos caminhos, novas possibilidades de encontros e reencontros. Proporcionaram a esta menina o direito de persistir e persuadir o tempo em busca de notícias de seu pai e de aproximação. Uma persistência fraternal carregada de mágoas, mas não de ódio. Um carinho maior, um amor que lhe invadia o coração e em todo o seu tempo de vida dizia sempre que o amava mesmo em solidão. E essa persistência em encontrar seu pai era para preencher um vazio em sua vida e representava a própria busca pela felicidade.
Em outubro de 2013, o pai lê em sua ‘linha do tempo - facebook’ uma mensagem da filha até surgir o momento em que os dois estivessem on line. Uma primeira conversa surgiu e logo muitas perguntas do pai, entre elas: Você é feliz? Posso lhe conhecer, visitar? Resposta dada: “Ainda precisa de algo em minha vida, pra eu ser feliz.” O pai entendeu do que a filha falava. Outra resposta: “Sim, pode sim. É tudo que eu quero!”.
Passagens compradas para dezembro seguinte e muitas conversas foram estabelecidas via internet e telefonemas e nessas, o pai quis noticias do filho. E o contato passou a ser também com o filho que no início demorou um pouquinho para o reconhecimento e aceitação do convite via face e celular. Estabelecido o contato com o filho, as conversas surgiram e novas esperanças renasceram e a persistência mais uma vez vence as barreiras do tempo.



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O reencontro de pai e filha

22 anos depois acontece o grande momento do encontro entre pai e filha.
De outubro a dezembro de 2013, pai e filha conversam via internet e celular. E nas primeiras frases seu pai pergunta se ele pode conhecê-la, visitá-la. A resposta é confirmada que sim e entre os dias 13 a 16 de dezembro, eles se reencontram de forma emocionante. Abraços apertados e demorados, beijos com e sem estalos e muito choro de saudades, de desejo de aproximação e de desculpas, marcaram mais uma vez a história da menina que quando criança, exposta em fotografia, pelo seu olhar desejava não ser abandonada e que incansavelmente procurava o pai.
Tantas falas ditas e muitas emoções e momentos inesquecíveis os dois viveram esses dias. Muito ela disse ao pai. Muito e atenciosamente o pai ouviu. Dentre as falas perpetuou-se a fala da menina revelando que sempre o amou e que não guardou rancor e sentiu demasiadamente sua falta. Sentiu falta das histórias que ele não lhe contou. Dos livros que ele não leu. E nestes dias ela aproveitou e pediu: “Paizinho, conta uma história pra mim. Você nunca me contou histórias pra eu dormir” e repetia várias vezes: “Você ainda me deve muitas histórias.”
Extremamente emocionado, seu pai lembrou que levara à filha, livros de sua autoria como presentes e, desses livros, leu para a menina de 23 anos um conto e uma crônica. Lembrou-se também de um conto popular na versão de Ângela Lago, ‘Sua Alteza a Divinha’ e lhe contou enquanto ela adormecia. Seu pai a acordou e disse: “Menina, estou contando história e você dorme!” Sua resposta foi firme; “Paizinho, quero ouvir histórias para eu dormir.” Mais uma vez a emoção invade o peito do pai leitor, outrora ausente, que lhe promete ler e contar mais e mais histórias.



Nesses dias de encontro os dois ficaram muito próximos, a menina grudou como se não fosse permitir que nunca mais seu pai fosse embora, grudou como se a nova separação fosse de novo para a vida toda. Teve medo de nunca mais abraçar, beijar e aconchegar-se ao pai e que sua persistência em outra vez encontrá-lo, não mais fosse possível.
A cada dia novos registros fotográficos foram feitos daqueles momentos, mas os melhores registros serão as lembranças do cheiro, do choro, da alegria, da realização do sonho que os dois viveram: o encontro e reencontro.



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A despedida da filha

Ela permanecia mais grudada ainda, temerosa também. Uma atenção e dedicação intensa. Uma companhia também persuasiva. Na véspera da despedida, apresentava um desinibido medo de acordar daquele sonho da vida real. E explodiu suas emoções ao lado de mais um aliado emotivo que em sua chegada fez-se de pai durão e segurou da filha toda a sua emoção.
Foram dados muitos abraços apertados e chorosos. Muitas palavras tremiam na fala de cada um e seus corações aceleravam e faziam renascer lágrimas de saudades antecipadas a todo instante.
Promessas de retorno o pai fazia à filha e disse-lhe que jamais a abandonaria de novo, que suas vidas estariam a partir daquele momento mais ligadas, que todos os dias de suas vidas manteriam contato e que a levaria em sua visita ao filho que logo aconteceria em torno de vinte dias daquela data.
A menina também passou a chamar carinhosamente o pai de ‘menino gande’ por reconhecer nele traços e características de um homem que gosta de brincar e de se envolver ludicamente na vida.
E assim um novo encontro de vida estava para surgir.



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O encontro de pai e filho

Nossa história continua.
O contato mais direto com o filho aconteceu a partir do início do mês de dezembro de 2013, embora o pai tenha tentado contato desde o primeiro momento em que sua filha o encontrara. Em 28 de outubro o pai escreve ao filho: “Olá! Tudo bem? Bom dia pra você. Graça e paz sempre”. E nenhuma resposta é dada.
É chegado o dia em que o filho o aceita via internet e celular e conversas surgem: “Olá garoto... Desejo conhecê-lo. Aceite minha solicitação de amizade ou envie-me o número de seu telefone. Agradeço. Graça e paz.”  Outra tentativa que já mereceu uma resposta: “Bom dia. A tarde é difícil você falar comigo. O meu dia é corrido, tenho mais tempo pela parte da manhã”. E as conversas se intensificam. Pode se ainda destacar dentre elas o pedido do pai ausente de ter a chance de ser ainda chamado de ‘pai’ por aquele garoto: “Quero ter a chance de também ser ainda o seu pai. De ouvir você me chamar de pai, pois quero muito te chamar de filho”. Eis a resposta do garoto: “Cara, não tenho mágoa de você. Mas eu tenho de mim. É meio estranho isso tudo. Inclusive lhe chamar de pai. É uma questão de tempo”.
De fato, o tempo vai melhorando e a linguagem dos dois passa a ser com mais segurança e o menino vai abrindo possibilidades para o pai ficar mais à vontade e saber que há um enorme espaço no coração do filho aguardando ser preenchido e logo seu pai profere o desejo de conhecê-lo. Dito sim pelo filho, as passagens são reservadas.
Feliz natal, menino. Que o ano seja maravilhoso para nós”. O menino já estava incluindo o sujeito ‘nós’, já estava lidando e aceitando com respeito e admiração aqueles momentos: “É bom saber que tenho mais um pai”. O pai agradece ao filho por tê-lo incluído naquela relação e enobrece-se percebendo que o menino começa a considerá-lo como pai.
Nas trocas de mensagens, seu pai enfatiza que está grandemente feliz por tê-lo encontrado e que grita aos quatro cantos que encontrou seu filho. A resposta é recíproca: “Fico alegre por você. E também conto a todos que encontrei meu pai.”
De 03 a 07 de janeiro de 2014 o encontro com o filho acontece. Muitas expectativas seu pai carregava para aquele primeiro contato de abraço e o abraço que aconteceu foi simples, tímido. O abraço, que mais tarde fora classificado pelo filho, ‘foi comum, sem choro e sem aperto’ e o filho afirma ainda que os dois estavam ‘temidos’. Fora um abraço de uma simples apresentação, mas o coração e os braços daquele filho desejavam mais. Esse menino carregava em si mais sentimentos. O coração e os braços daquele pai pediam mais. Mas ele controlou-se. Esperou a receptividade do menino. Deu tempo, mais ainda, tempo ao tempo.
O filho revelou-se simples, inteligente, esforçado, trabalhador, esposo dedicado e pai amoroso e a cada momento,  novas descobertas surgiam entre os dois.  O pai estava cada vez mais envolvido e sentia também no comportamento do filho, mais envolvimento. Pedido de perdão foi feito diretamente ao filho. Pedidos de carinho, de amor, aconchego e de um lugar no seu coração também, indiretamente seu pai lhe propôs. 
Nos quatro dias mais felizes daquele menino, relatados depois pelo mesmo, muitas coisas aconteceram. Conversaram sobre vários assuntos, tiraram fotos clássicas, foram ao cinema, pizzaria, visitaram famílias, riram muito, brincaram, trocaram presentes, aproveitaram e viveram. O pai ouviu emoções de seu filho. Dentre elas: “Benção, velho!”, “Pô! O velhinho vai embora!”, “Oh, velho, já tô com saudades!”, “Não suma mais da minha vida!”.
O pai declarou ao seu filho no último dia em que estavam juntos que o amava. E em suas declarações por mensagens via celular e redes sociais, afirma seu amor. O filho hoje, também declara que ama seu pai. Isto é extremamente importante para os dois. Os laços estreitaram-se. A vida se faz agora por felicidade e por caminhos mais próximos.
Mas há no filho, conforme seu depoimento por escrito, após o retorno do pai à sua cidade, uma mágoa, uma ‘justiça’ do filho que ainda incomoda seu pai. Ele afirma que o ama, mas que não pode chamá-lo de pai neste momento por questões de convivência e este é o preço que o pai precisa pagar, por ter sido ausente em sua vida. O filho reconhece ainda que este pai lhe trouxe novas expectativas, novas esperanças de vida.
O pai aceita esta punição, dedicando o amor escondido que sentiu a vida toda pelo filho que não conhecia. Esse amor tornou-se escancarado e declarado a partir desse encontro que o tempo proporcionou, a partir do reconhecimento do pai pelo filho que o percebeu ainda menino e que o mesmo merece carinho e proximidade do  seu pai biológico.


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A cumplicidade  

No encontro marcado com o filho, o pai ganha uma cúmplice e agenda  também a presença da menina, que há cinco anos não via o irmão. E o  irmão ganha então dois presentes. O pai sentiu-se mais forte ao lado dos dois. Sentiu na presença da filha um elo entre ele e o menino.
Ela que durante a preparação emocional e psicológica do pai para o encontro do filho e vice-versa, ouvia e lia as dúvidas de seu pai, ouvia e lia as dúvidas de seu irmão e procurava sempre responder de forma equilibrada  e dizia ao pai quando este lhe questionava sobre a receptividade do filho: ‘O maninho é legal, está apenas confuso’. ‘Ele vai gostar de você e você também vai gostar dele’.
Entre as conversas de pai e filha uma expressão dita por seu irmão marca e provoca risos e graças entre esses dois: ‘Pois é cara...’, e que repetidamente um escrevia ou falava para o outro.
O pai chega primeiro na cidade em que o filho mora. O filho responsabiliza-se em buscar sua irmã no local de seu desembarque e o encontro dos três torna-se ansioso, aflito, psicologicamente nervoso e o pai não se continha em esperar parado, necessitava circular nos arredores da rua da casa do filho e assim fez. Caminhou, conversou com outras pessoas e ligava para a filha o tempo todo: ‘Já chegou? Seu mano já lhe encontrou?’ E as respostas sempre eram dadas no intuito de acalmar e confortar o pai diante de tanto ansiedade: Paizinho, mano já chegou. Já estamos no carro. E por outras vezes o pai ligou e por fim a carga de seu telefone acaba. Ele retorna à casa do filho e lá de longe a menina cúmplice corre ao seu encontro e novos abraços e novos carinhos dissipam a distância dos dois.
O menino ‘temido’ feito o pai, abrigado estava em outra casa. A cúmplice grita em voz branda: ‘Mano, paizinho chegou!’. E o nervosismo toma de conta daquele pai e provavelmente do filho também. Mas este não sai, permanece em seu lugar enquanto o pai continua nos abraços com a filha, como se descarregasse toda a sua aflição e sua ansiedade. A filha vai até ele e repete que seu pai chegou e tão logo surge um menino grande (maior que o pai) e descamisado. O abraço foi aquele já descrito pelo filho ‘sem choro e sem aperto’, talvez fora desta forma por ter sido presenciado. Esse primeiro abraço fora dado na rua e em meio a pessoas próximas dele.
Uma conversa breve ainda na rua, para só depois os três entrarem na casa do filho e retomarem novas conversas. A menina permanece próxima do pai, o menino um pouco mais distante para ouvir de seu pai o pedido de perdão por não tê-lo criado e cuidado em toda a sua vida.
Nenhum mal-estar perdurou no encontro. O menino deu liberdade ao pai para sentir-se bem, mesmo que este estivesse carregado de temor frente ao filho que nunca havia visto.
Com a ajuda da filha, os três permanecem juntos. Pai e filha hospedaram-se naquela casa e um chamego maior foi criado. Foi proporcionado um novo espaço, um novo destino ao pai e aos filhos que por tanto tempo perderam-se no tempo e não puderam compartilhar suas vidas e seus momentos de tristezas e de alegrias entre si.
A cumplicidade unia cada dia mais a relação dos três. Uma vida em três. Um novo olhar para a reconstrução de uma nova família. Um bem maior se garantia para cada um em forma de gestos carinhosos e manifestos de palavras, frases e textos proferidos.
Uma menina cúmplice que abraçava o irmão e que o entregava ao seu pai. Uma menina cúmplice que abraçava o pai e que o entregava ao seu irmão. Assim, ela conseguiu presenciar os primeiros momentos de seu pai e seu irmão juntos e pode o tempo todo registrar e expor ao mundo a felicidade estampada nas três vidas que construíram esta história.


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A despedida de pai e filho

As despedidas começaram ainda quando o pai estava no segundo dia na casa do filho, este escreveu ao pai, via in box: “Gostei muito de você. Espero que você tenha gostado de mim também”. O pai super empolgado retribui: “Você é top de linha. Você é tudo que eu precisava e procurava em um filho. Eu simplesmente não gostei de você, eu amei.
E outras declarações se ouviam do filho: “Poh! Já estou ficando com saudades”, “Oh, o velhinho vai embora”. E essas declarações deixavam emocionalmente aquele pai mais otimista, que almejava um lugar no coração e na vida de seu filho.
Na madrugada, na hora exata da despedida quando o pai e filho se abraçam de forma diferente ao abraço da chegada, o filho o adverte: “Tome cuidado velhinho, tive um sonho ruim”. O pai ainda abraçado ao filho passou a mão em sua cabeça e disse. “Não se preocupe, meu filho, vai dar tudo certo. Foi apenas um sonho”. Não houve detalhes do sonho neste momento.
Mas o filho pediu ao pai que mantivesse contato em todos os lugares que chegasse. Que lhe informasse sobre todos os passos de sua viagem. E assim seu pai fora lhe informando e confirmando que estava tudo certo e escrevia nas mensagens que o que não estava certo era a distância que a cada passo dado tornava-se mais longa e que a saudade também se alargava de acordo com a distância percorrida.
Somente quando o pai já está em casa e seguro, seu filho lhe escreve: Lembra-se que acordei mais cedo que você? Na sua ida você sofreu um acidente de carro e acontece o pior. Meu telefone toca e recebo uma notícia ruim. Aí eu pulei da cama... Fiquei preocupado com o sonho que tive”.
O menino sentiu que seu pai pode ainda lhe chamar de filho, abriu um espaço e reservou em seu coração um lugar especial para dizer: ‘Este lugar é do meu pai’.  Ele expõe em suas mensagens a grande falta que o pai lhe fez e continua lhe fazendo após seu primeiro encontro.
E ainda na despedida, surgem conversas de novo reencontro entre este triângulo que se formou neste novo tempo para uma nova história.


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As emoções

Este livro poderia ter iniciado com uma referência exposta no livro:  Nossas Palavras – um jeito simples de ler a vida, na página 70, do referido pai e poeta Ed Nobre. “Desse relacionamento nasceu uma menina em agosto de 1990 e quando nos separamos no fim do ano seguinte, sua mãe estava grávida de um menino que nascera em abril de 1992, o qual nunca vi pessoalmente”. No mesmo livro, na página 79/80, outra relação é considerada quando é exposta pelo pai: “Mas ainda não vivi os natais que queria”; “E o meu natal ainda não veio”;  “E o meu natal não acontece”.
Outras referências foram mencionadas direta ou indiretamente nos livros escritos por esse pai ausente. Pode-se também observar no texto: A guerra das pipas, do livro Nobres Palavras – pelos caminhos da vida, na página 19, em que o poeta encerra com a seguinte frase – “E não pude ensinar meu menino a brincar”.
Em todo o tempo de vida desse pai, seus filhos foram lembrados, mencionados e ele guardava as esperanças consigo  na ânsia de um dia encontrar-lhes, ainda que fosse para ouvir e proferir  lamentos. E ele pode conhecer seus filhos, estar com eles, brincar com eles e os considera seus melhores presentes de natal. Ouviu lamentos, proferiu lamentos, mas nada comparável ao doce e estrondoso prazer da alegria em encontrá-los. Uma adrenalina de montanha-russa subia dos pés à cabeça desse pai prospectando seus primeiros momentos com seus filhos.
Os filhos reconhecem este ‘estranho’ como pai. A menina o apresentou a seus amigos: ‘Este é meu pai!’ e o chamava e chama de pai. O menino também o apresentou: ‘Este é meu pai.’ E escreveu: ‘O povo fala que o pai é espelho do filho. E é verdade tenho a semelhança do meu pai, não de escrever, mas de conquistar o mundo’. Mas nesses dias não direcionou a palavra ‘pai’ àquele estranho.  E mais tarde quando seu pai já estava de volta à sua cidade, ele justifica em escrita o seguinte:
“Boa noite, velhinho.
Tenho um lema comigo. Que todo mundo tem que pagar pelo seu erro. Sou bem justo. Ainda não consigo chamar você de pai, devido a nossa convivência. Entenda, não é orgulho, é falta de convivência.
Se chamar você de pai, estarei sendo falso comigo mesmo. E esse é o preço que você tem de pagar. Mas lá na frente, quero sim, chamar você de pai. Todo mundo diz que eu tenho um papo, mas não, apenas falo o que sinto e o que penso e assim falo a você te amo, te amo,  te amo.
Não sei se é o nosso sangue, mas para mim já o conheço há muito tempo e estou sentindo muito a sua falta aqui. Você fez muita diferença. Para mim seria um encontro qualquer, mas não foi. Você me deu mais esperança de vencer na vida.”   (Facebook - quinta-feira, 09 de janeiro de 2014, 18:21).
Ao pai cabe o respeito pelo pensamento e pela atitude do filho, que tem todos os direitos de expressar suas verdades e suas dúvidas em relação a este pai que lhe foi sempre ausente. Deseja sim ser chamado de pai, mas pode esperar naturalmente a ação e reação do menino. Não deseja impor-lhe nada, muito menos pressioná-lo a proferir a palavra que há 22 anos não ouve do coração do filho. Sente-se honrado, feliz,  por ouvir outros sinônimos dado à palavra pai, tais como: velho, velhinho, cara, mano. São palavras que a outras pessoas também são proferidas por ele. ‘Benção, velhinho. Não me leve a mal chamar você de velhinho. Chamo a todos assim. É um jeito meu de carinho’.
Nos quatro dias de convivência o pai não ganhou o vocativo PAI, mas descobriu muitas semelhanças em comum com aquele menino. E ouvia dele  comparações tanto em caracteres herdados quanto de gostos e atitudes.
Este pai biológico está se erguendo de braços bem abertos para abraçar seus filhos e permanecer ao lado de seus corações, uma vez que a distância do tempo foi superada e agora há apenas a distância geográfica por viverem em cidades e estados diferentes.  




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Inspirações  

O pouco tempo que passou aqui, foi muito importante pra mim. (filho)
Saudades. Fiquei sozinho agora. Sério!  Ficou chato aqui. A minha vida mudou bastante. Mais ainda o coração. (filho)
Quero convivência bem extrovertida com você, mas sempre lhe respeitando, claro.  (filho)
Tudo que Deus faz é bem feito. Se nós tivéssemos vivido o passado, o que  iríamos contar agora?  (filho)
Pôh! Velhinho, já estou com saudades! (filho)
Não some mais de minha vida. (filho-filha)
Paizinho, conta uma história pra mim. Você nunca me contou histórias pra eu dormir. (filha)
Você ainda me deve muitas histórias. (filha)
Paizinho, quero ouvir histórias para eu dormir. (filha)
Quem somos, quando na infinita alma somos felizes? (pai)
Uma filha é pra ser amada e eu não te amei. (pai)
Não sabia que era tão bom ser teu pai. (pai)
Tenha uma boa noite e eu posso dizer amo você.  (pai)
Melhor agora com você em nossas vidas. Benção!  (filho)
...Pois a vida é difícil, mas é muito divertida. (filho)
Vocês foram meus melhores presentes de natal. (pai)
Que alegria em você ter me encontrado. (pai)
Eu não descansaria até lhe encontrar. (filha)
Você não toma meu tempo. Agora, o meu tempo também é seu.  (pai)
E esse é o preço que você quem de pagar. Mas lá na frente, quero sim chamar você de pai. (filho)
Você me deu mais esperança para vencer na vida. (filho)
Sonho quase todos os dias com você. Sonho bom agora, só felicidade. (filho)
Alguma coisa está errada que não está certa. Você está aí e eu estou aqui. (filho)
 Agora estou perdido, não tenho com quem conversar. (filho)
Ah, cara, assim você me pega. (pai)
Agora não há mais distância entre nós, há  apenas felicidades. (pai)
Eu também amo meu pai, mesmo sabendo tão pouco dele. Pai é pai. (filho)
Há o dia de hoje que precisa ser vivido e não há uma  borracha que possa apagar o passado, mas há um lápis e três novas vidas que podem escrever uma nova história, um novo futuro. (pai)
...Pois a vida é difícil, mas é divertida. (filho)
Vocês foram meus melhores presentes de natal. (pai)
Que alegria em você ter me procurado. (pai)
Não descansaria até lhe encontrar. (filha)
“ _ ... Fique tranqüilo moço, este menino já é homem.
_ Ainda bem. E eu perdi a vida do menino que hoje é homem.
_ Agora vive então a vida deste homem.
_ É tudo que quero. Acompanhar este homem que para mim ainda vai ser menino por um bom tempo.
_ Pai bobão. Assim fico todo abestado homem.” (filho e pai)


  • As frases descritas neste capítulo foram ditas pelos filhos, via: WhatsApp - facebook -telefonemas - pessoalmente)

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As marcas que o tempo deixa

‘E que cicatrizes traziam em seus corpos além da cicatriz da alma magoada pela ausência do carinho paterno’. Esta fala pode ser confirmada no capítulo ‘O tempo do pai’ em que ele expõe suas interrogações sobre o que não sabia de seus filhos e muito mais ele desejava e precisava saber.
O que a distância em tempo deste triângulo fraternal, reservou para os filhos que deixaram suas peles marcadas por feridas injustas e atropeladas? Marcas foram vistas, não só na alma, foram visíveis nas peles do menino e da menina, que deixaram o pai à mercê da tristeza por não ter acompanhado ou até mesmo os livrados de queda em brincadeiras inocentes e comuns a todos da idade, de tropeço provocados nos caminhos da vida insegura, de acidentes e de violência.
Um novo tempo, uma nova história e novos caminhos surgem para os três viverem com novas marcas autênticas, próprias de novos amores e não dores e dissabores. Três vidas com seus corações acelerados pelos abraços, beijos e aconchegos dessa proximidade e afinidades descobertas. Há uma nova intensidade nas vidas dessas pessoas que foram marcadas pela ausência das alegrias e descobertas. Pela ausência das experiências de uma não saber nada da outra. Há uma nova razão. Há uma nova emoção. Há um novo olhar para as cicatrizes marcadas pelo tempo. Há o dia de hoje que precisa ser vivido  e não há uma  borracha que possa apagar o passado, mas há um lápis e três novas vidas que podem escrever uma nova história, um novo futuro.
Nos encontros de pai e filhos as descobertas sobre as cicatrizes da vida ferida, magoada, cederam lugar às marcas de esperanças construídas nos corações dos três e também perspectivas para um seguimento de uma caminhada sólida, firme presente neste novo tempo.




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Novos encontros

O tempo está em suas mãos é pensado os próximos encontros.. Pai, filha e filho já se encontraram e agora precisam manter contanto sempre. Usar os meios atuais de comunicação para telefonemas, troca de mensagens, fotos, outras postagens e etc.
O tempo está agora em suas mãos.
No ano de 2014, o Brasil será marcado por um grandioso evento internacional.  Ele sediará a vigésima edição da copa do mundo de futebol e o calendário dos brasileiros, sofrerá alterações de agendamento em suas rotinas. Para muitos esse período da copa é propício para viagens e férias, no entanto denota-se um período de alta temporada nas tarifas de transportes especialmente as aéreas e também de grande movimentação de brasileiros e estrangeiros. Uma mistura de 32 países nesta festa que receberá grandes campeões mundiais.
Sendo assim, este ano faz-se necessário a promoção de novos encontros para findar numa relação mais estreita, mais próxima. Pai e filhos precisam e merecem de mais tempo juntos, de uma convivência real para se conhecerem e se reconhecerem mais. Precisam de novos encontros para os diálogos se cruzarem e ouvirem melhor o som e o tom das vozes que se calaram por 22 anos e para os abraços e os chamegos acontecerem com mais frequência e menos inibição.
E um novo encontro acontecerá entre os três, após o período dos jogos da copa do mundo. Mas o pai sabe que não poderá suportar tamanha saudade e deseja amenizar a distância de tempo e faz outra proposta aos filhos para  antecipação da viagem. Verifica-se a disponibilidade deles. O filho aceita o desafio de visitar o pai em sua cidade e as passagens são marcadas para o período de carnaval e também para dois meses antes da copa, e neste encontro é sugerido o desafio de organizar e fazer o pré-lançamento do livro que conta um pouco desta trajetória de vida na data exata de sua estadia com o pai e família paterna.  
E ao mesmo tempo é cogitada a possibilidade de um encontro na cidade da menina para realmente depois da copa e mais um encontro dos três no período  natalino e ou réveillon. E assim, este laço de carinho e de renascimento de amor transformará três corações com plena confiança e amizade.
É notório que o pai no auge de suas descobertas, queira e deseje ficar mais tempo com seus filhos, implicando que a qualquer instante pode mudar os rumos da trajetória das viagens pré-organizadas.
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Tempo atual

A família é uma benção. É um bem precioso, mesmo vivendo em meio a turbulências criadas pela própria vida. É um laboratório de experiências que transita pelos caminhos de cada pessoa. A família é construída, constituída aos poucos e sempre há tempo para a construção, reconstrução e ou ampliação de um aconchego.
Em meio a esta história o pai constituiu outra família, outro lar. Em 1994, ele encontra um amor que harmonicamente passa também a assumir suas experiências, casa-se de novo e um ano mais tarde nasce uma filha desta nova relação e no ano de 2000 mais uma menina e que são muito bem-vindas.
Nunca foi escondido da nova família a existência dos seus primeiros filhos. Porém, a ausência a cada ano se prolongava e menos se tinha notícias dessas crianças. Sua esposa desde sempre aceitou esta realidade. Foi amiga. Foi companheira, foi amor. Por que o amor entende, ‘o amor jamais acaba’ e ela sempre desejou que no primeiro encontro entre seu esposo e seus filhos, gostaria de presenciar, de sentir, de participar também dessas emoções. Fato este que não foi possível acontecer nos primeiros momentos.
Hoje, o pai vive em plena alegria. Vive com sua esposa e outras duas filhas de 18 e 13 anos, pelas quais é apaixonado. Encontrou mais duas emoções e razões para uma vida melhor vivida, seus dois filhos que o tempo lhe sugou, a menina de 23 e o menino de 21 anos, que vivem cada um com seus cônjuges e famílias em cidades e estados diferentes. Mantém contato com eles por meio de conversas por telefones, mensagens e postagens de fotos, através de facebook e bate papo via whatsApp - um aplicativo de mensagens multiplataforma. Conversas que fluem diariamente com declarações de amor, revelação de sentimentos, confissões de saudades e outros assuntos de cunhos pessoal e profissional.
Família chama desejo, chama carinho, chama proximidade. E este pai agora deseja reunir os quatro filhos e juntos pousar para um registro que o destino ainda não permitiu, mas que haverá de possibilitar um espaço, um tempo para estas vidas, com suas histórias, percorrerem seus novos caminhos com palavras agradáveis e de elogios, que se perderam nas histórias de cada uma dessas estrelas.
Vinte e dois anos sem desejo, sem carinho, sem proximidade, sem palavras agradáveis e sem nenhum elogio. Vinte e duas estrelas perdidas no tempo que o destino tornou-se apagadas. Chegou o tempo do novo brilho de cada uma. Cada estrela surge com sua história. Cada história renasce para brilhar. Cada brilho impõe a intensa ternura de amar.
O pai mora com a esposa e duas filhas, em Imperatriz do estado do Maranhão. A primeira filha, mora com seu esposo, na cidade de Santarém do Pará.                            O filho mora com sua esposa e filha de cinco anos, em Manaus estado do Amazonas.                                                                                                       Filha e filho foram registrados por outras famílias e tem os mesmos nomes escolhidos pelo pai biológico.
Ed Nobre (PAI)

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As vidas envolvidas nesta história



Francisco Edvan Nobre - pai

Leda dos Anjos Costa Nobre - esposa

Thaís karen L. da Silva - filha

Jhon Pablo P. da Silva - filho

Bruna Larissa C. Nobre - filha

Brenda Clarisse C. Nobre - filha














Registros que marcaram
os primeiros encontros

































                                                             


















Lamento de pai

Perdi sua infância,
Seus primeiros passos. 
Nada sei de você.
Nada sei de sua vida.
E da vida, nada lhe ensinei. 

Não  peguei em suas mãos
Para  brincarmos no parque,
Para passearmos nas praças.
Nem mesmo peguei em suas mãos
Para ajudar a escrever suas hipóteses,
Suas primeiras intenções e a desenhar as letras,
E escrever as primeiras palavras,
As tais que tanto aprecio.

Sua adolescência não vivi.
Sua rebeldia também perdi.
E não o seu jeito de ver a vida.

Seus sonhos, não ajudei a construir.
Sua formação, não inferi nenhuma palavra.
Sua profissão, em nada lhe motivei.

Não sei do que gosta.
Qual a música que lhe comove,
Nem  seu time favorito.
Não sei se gosta de praia, de amigos.
Não sei dos seus sentimentos.
Ainda não sei absolutamente nada do seu coração.

Não conheço sua  bondade
Muito menos sua  maldade.        
Conheço sim, o pai que ausente,
Se fez em sua vida.

Nosso tempo chegou.
Nossas vidas se completam.
E a maturidade, a sua maturidade
Quero viver, quero ser presente.
E ao passado, fica o pai ausente.

Ed Nobre